
Por Jason
Uma cápsula com amostras do solo marciano retorna para a estação espacial internacional depois de alguns meses apresentando danos, forçando os astronautas a fazerem uma manobra perigosa e trazendo de quebra uma espécie microscópica alienígena. Uma vez na nave, o povo dá o nome de Calvin à célula marciana - Calvin começa a crescer e a interagir com o ambiente, criando tentáculos inicialmente como se fosse uma estrela do mar e em seguida como uma espécie bizarra de lula translúcida.
A partir daí, o ET começa a reagir negativamente ao contato, enquanto está isolado em uma área da estação espacial. A primeira coisa que Calvin faz é quebrar a mão de um dos personagens e planejar sua fuga feito uma ameba assassina de desenho animado, para então almoçar um rato de laboratório. Na tentativa de exterminar a coisa, que é resistente ao fogo e mais inteligente do que todos os astronautas juntos, um personagem é despachado para o além, numa morte mais que satisfatória pela sua burrice. Quanto mais seus tentáculos crescem, proliferam-se também os clichês. A estação perde contato com a Terra, e o bicho começa a sapatear do lado de fora dela. De volta ao interior, acidentes acontecem provocados pelas atitudes estúpidas e por protocolos mais absurdos ainda. O final, com um plot twist porcalhão, é um Deus nos acuda e deixa uma brecha para uma continuação que, com muita sorte, não ocorrerá.
Essa bomba da Sony Pictures foi mais uma produção do ano a fracassar em bilheterias - a lista só cresce, com Rei Arthur, Vigilante do Amanhã, A cura, Alien Covenant, Baywatch dentre outros. Mesmo custando pouco (58 milhões, arrecadando pouco mais de 90 em sua passagem pelos cinemas) e trazendo um elenco de rostos conhecidos, como Jake Gyllenhaal, a queridinha do momento, Rebecca Ferguson (que perdeu o papel de Daniels para Katherine Waterson em Alien Covenant) e Ryan Reynolds, a ficção ajudou a deixar o estúdio em uma situação mais complicada no ano - o único grande lançamento previsto e que pode trazer alguma rentabilidade é o novo filme de Homem Aranha. Vida talvez não funcione como deveria porque é um pastiche de outros filmes, uma salada podre de produções que obtiveram mais sucesso - na melhor das hipóteses é uma cópia piorada de Alien O oitavo passageiro, passando por tosqueiras como Missão Marte e Planeta Vermelho, misturada a Gravidade, com a diferença que aqui não temos Sandra Bullock ensinando para que serve cada botão que ela aperta em sua nave espacial.
Jake Gyllenhaal parece desinteressado, Rebecca Ferguson é qualquer coisa e Ryan Reynolds está ali preenchendo vaga. O resto do elenco é plural e de nomes difíceis - o ator Ariyon Bakare, de Rogue One; um oriental (o ator Hiroyuki Sanada, de The Wolverine) e a russa Olga Dihovichnaya - mas também não marcam em personagens unidimensionais. Há os buracos no roteiro - personagem usa fogo dentro de uma estação espacial, outros deixam coisas em gravidade zero e elas não flutuam, a ameba extraterrena depende de oxigênio segundo eles para sobreviver, mas passa um tempão fora da estação espacial com um estoque de oxigênio que parece infinito; não há nada que isole facilmente o laboratório onde ela está e possa evacuá-la de vez para o espaço, uma coisa absurda em se tratando de protocolos de segurança espacial. O diretor, Daniel Espinosa, até tenta fazer algo digno de nota, principalmente no uso dos efeitos especiais (que parecem caros para o orçamento do filme) e no plano sequência inicial, mas nada consegue salvar essa ficção de ir para o limbo do esquecimento minutos depois que ela acaba.
Cotação: 0,5/5