
Por Jason
Baseado no conto autobiográfico de David Sedaris, C.O.G. traz David, um jovem ateu e cético, que acabou de terminar uma faculdade e decide com uma amiga viajar para o interior se livrando do luxo da cidade grande para viver durante uma temporada no campo. Ele brigou com a mãe que o expulsou de casa. Logo quando chega no campo, ele decide trabalhar numa plantação para colher maçãs, sob o nome de Sam, mas a amiga desiste, deixando-o lá. O rapaz opta por ficar no meio de toda aquela gente pobre, a maioria latinos que não tem nenhuma possibilidade ou oportunidade na vida já que vivem amontoados em celeiros, trabalhando incansavelmente.
Depois de um tempo, Sam é transferido para uma fábrica para selecionar as maçãs que servem, e o dono da fazenda lhe oferece um trailer para o rapaz morar, mas Sam é hostilizado pelos outros trabalhadores, e na fábrica, pelas mulheres que lá trabalham. Lá ele conhece Curly (Corey Stoll) um operador de empilhadeiras. Curly consegue para ele uma transferência de setor, para separar as maçãs mais bonitas em uma rampa. Mais tarde, Sam descobre que Curly está interessado nele, quando lhe apresenta sua bizarra coleção de consolos sexuais e tenta atacar Sam. Sam consegue fugir e pede ajuda a um senhor da igreja, John. John é um ex-militar sem uma perna, que está fazendo trabalhos artesanais e começa a ensinar a Sam o ofício. Ele vive na garagem cedida por uma família cristã. Com um passado de bêbado, John acredita que Jesus o salvou e que vai vender seus artesanatos e ficar rico - o problema é que ninguém está interessado. O temperamento de John, explosivo e neurótico, contudo, faz com que ele seja expulso da casa com Sam. Os dois vão morar e trabalhar em um salão de beleza abandonado para fazer os artesanatos. Sam desenvolve pequenos artesanatos mais baratos que consegue vender numa feira pela simplicidade. Aos poucos, Sam começa a frequentar a igreja mas ele é surpreendido por Curly que o encontra, tenta estuprá-lo, mas o menino depois de pedir ajuda a Jesus (!) consegue escapar. Por fim, Sam é humilhado por John e deixado numa estrada para ir embora.
O elenco traz Jonathan Groff no papel principal. Fraco, Groff, oriundo de séries de TV, não tem potencial dramático para segurar o filme. A mistura de comédia com drama fora do tom prejudica o roteiro já problemático. Subtramas não se desenvolvem e não fecham - a relação com a mãe se resume apenas a ligações, a relação com a amiga é minada em poucos minutos, Curly é uma caricatura, a família religiosa tem pouco a fazer, etc. O filme acerta só quando tenta ser uma grande propaganda contra a igreja: os religiosos estão cheios de preconceito, são sempre pessoas neuróticas, cegas e problemáticas. Em determinado momento, quando Sam recebe o tal "chamado ungido pelo senhor", o pastor já tenta convertê-lo em um homem, para que ele abandone todos os pensamentos ditos maléficos e pense em se casar e constituir uma família, o que seria o "certo" aos olhos de Deus - se transformando em C.O.G ("filho de Deus").
John (o ótimo Denis O'hare, de Clube de Compras Dallas Milk e séries de TV e nomeado duas vezes ao Emmy), por exemplo, não é capaz de entender o significado de religião nem as palavras de Deus, embora acredite que esteja sempre fazendo o correto. Do outro lado, o unidimensional Curly representa o público homossexual aos olhos do roteiro resumida a apenas uma parcela da população interessada em sexo e promiscuidade. E no meio disso tudo está Sam, um jovem tentando se encaixar no mundo. O plot podia resultar em um filme no mínimo mediano nas mãos de gente experiente, se enveredasse desde o começo por esse lado de criticar a igreja e seus fieis radicais ou focasse na jornada de experiência e descobertas do rapaz em busca de seu lugar na sociedade, para que o filme fervesse. Mas a falta de roteiro que preste afunda tudo - o péssimo e vazio final é o tiro de misericórdia que faltava.
Cotação: 1/5