
Por Jason
Em Mutação, uma epidemia de uma doença está matando tudo quando é criança, sem que se consiga descobrir um remédio. A doutora Susan (Mira Sorvino, desaparecida), ajuda a criar baratas geneticamente modificadas que, ao entrarem em contato com as baratas transmissoras, acabam matando-as e deveriam morrer em seguida dentro de um curo prazo de tempo. O problema é que as baratinhas mutantes continuam se multiplicando e crescendo nos esgotos de Nova York, as nojentas agora estão ficando do tamanho de seres humanos, tornando-se carnívoras e se espalhando como uma praga. Susan descobre um exemplar e durante uma investigação no subsolo acaba presa com um grupo de pessoas em um vagão de trem abandonado.
A parte mais interessante do filme está na sua concepção. A produção traz forte inspiração em Alien: as criaturas são gosmentas e claro, tem ovinhos gosmentos espalhados por todos os cantos - e como se não bastasse, o filme ainda traz Charles Dutton, de Alien 3. Isso sem falar em muitos outros filmes de monstros e ficção B com insetos gigantes (The Monster From Green Hell”; “O Começo do Fim”; “The Deadly Mantis”, A mosca, etc). Del Toro faz um filme dark - as criaturas parecem humanas de longe ("Mimic" quer dizer "imitação") e usam as asas para criarem imitações de rostos e verdadeiras capas escuras, que os permitem vagar pela noite na cidade, se movimentando rapidamente como se deslizassem pelo chão. O cenário é sombrio, com tuneis de metrô abandonados, cheios de entulhos, coisas velhas, enferrujadas e porcarias. Nesse sentido, o filme "imita" outros filmes, mas de maneira até digna - está lá até a cena da pisada na gosma pegajosa, que não poderia faltar, e a ambientação tenebrosa.
O filme tem efeitos práticos convincentes, mas o problema é que se trata, antes de tudo, de uma produção com parco orçamento e isso fica evidente em todo o resto da produção. Ao custo da pobreza de 30 milhões, os efeitos especiais em CGI, por exemplo, são ridículos e pobres - e isso em 1997, quando outras baratas gigantes milionárias fracassadas, as de Starship Troopers, invadiam os cinemas. Sem conseguir sustentá-los, Del Toro resolve jogar toda porcaria na cara do espectador, com uma sorte de baratas de todos os tipos, cores e tamanhos, para deixar qualquer um com fobia. Não é um filme que oferece sustos, mas sim, nojeiras de todos os tipos. Del Toro não se preocupa em assassinar crianças chatas na tela nem de abraçar os clichês, como uma autópsia de uma criatura e, claro, a obrigatória sessão trash bagaceira, quando os personagens precisam se besuntar em substâncias gosmentas expelidas por um cadáver de inseto para poderem se disfarçar, já que as criaturas se reconhecem pela podreira característica!
Se os efeitos digitais são capengas, a trilha sonora neurótica eclode o tempo todo, para tentar dar o clima de suspense. Mira Sorvino parece bêbada, sem saber o que está fazendo ali. Josh Brolin está canastrão em um personagem burro e descartável. Jeremy Northam, com ares de idiota, é a cara da preguiça. Não ajuda em nada a subtrama do menino que reconhece todo tipo de sapato e que é raptado pelas criaturas, para ser "adotado" ao final pela doutora que queria engravidar. Charles Dutton, mais uma vez, sai de Alien 3 para se sacrificar numa luta corporal com mais uma criatura, filmada do mesmo jeito. Por fim, o ápice de Susan contra o macho é tipo aquele momento em que tudo é atirado para o alto. De alguma forma, Mutação chamou atenção de Hollywood para Del Toro e o filme rendeu duas continuações igualmente descartáveis. Não teve Detefon que salvasse: tamanho empenho só poderia resultar em um retumbante fracasso de bilheteria e uma pérola trash de encher os olhos.
Cotação: 1/5