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Tangerina - 2015

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Por Jason


Em Tangerina, a prostituta travesti drogada Sin-Dee Rella acabou de sair de 28 dias da cadeia e encontra sua amiga Alexandra, que sem querer avisa que o companheiro de Dee, Chester, está saindo com uma mulher. Depois de um desentendimento, Dee decide ir atrás do homem para tirar satisfação e quebrar a cara da mulher na empreitada. Como se não bastasse, um taxista pai de família que trai sua mulher com travestis está a procura de Sin Dee - e a sogra deste vai procurá-lo quando ele abandona do jantar em família. Tudo, como sabemos, vai terminar numa tremenda confusão. 

Apesar de tratadas como transexuais, Sin-Dee e Alexandra não são operadas, como fazem questão de frisar - em um determinado momento em que o cliente não paga pelo serviço sexual, Alexandra se reafirma como "homem" que "possui um pênis" e sai na mão com ele para que ele lhe pague o que deve. À medida que vai procurando por Chester, a direção vai fazendo um panorama da prostituição e do modo de vida dessas duas personagens fora do glamour da Los Angeles e sob o sol de cor tangerina. Não importa se é dia ou noite, a necessidade de dinheiro as leva à situações perigosas e absurdas. 

O taxista Razmik, casado e pai de família, confunde uma mulher com travesti e a escorraça do carro, para depois se relacionar sexualmente com Alexandra dentro de um lava jato; a sogra do taxista vai atrás dele, para descobrir com quem ele está saindo, desconfiada das traições - e ao descobrir, convoca a mulher, que vai com sua criança de colo para o lugar no meio da baixaria; Sin Dee é atacada por um grupo de jovens dentro de um carro, que arremessam urina em seu rosto e seu cabelo. As minorias, a escória social, são retratadas nas figuras de cafetões, prostitutas amontoadas em quartinhos com velhos gordos, travestis, traficantes, gente bêbada, famílias de imigrantes moradores de bairros pobres e excluídos. Tudo misturando drama e humor apoiado num ritmo frenético.

O filme é extravagante, tudo é excessivo, rodado inteiramente com Iphones e filtros especiais, e parece filmado com câmeras profissionais, embora traga notáveis improvisos, principalmente de Kiki Rodriguez (Sin Dee), que vez ou outra pode ser vista rindo de algumas situações. Há outras situações pouco desenvolvidas, como o drama da família do taxista ou do próprio Chester, personagem subdesenvolvido. Sua parceira, motivo da revolta de Sin Dee, só serve para ser esbofeteada e arrastada pelos cabelos pelas ruas da cidade, enquanto se droga aqui e ali. 

As melhores tiradas, no entanto, ficam por conta de Mya Taylor, que interpreta Alexandra. Taylor, de corpo masculinizado, braços fortes e peitoral grande, faz de sua Alexandra uma figura tragicômica, que traiu a amiga com Chester, que inicia, voluntariamente ou não, toda a confusão, e que em seu íntimo almeja um futuro mais glamouroso, quando paga para um show noturno num bar vazio e canta versos de uma música que fala sobre a "terra da fantasia".  Ironia por ironia, não há nada de fantástico na Los Angeles de Tangerina.

Cotação: 3/5  

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