
Por Jason
Uma fenda no mundoé mais uma ficção que mistura drama com filme catástrofe dos anos 60. Na trama, um renomado cientista, Dr Stephen Sorenson (Dana Andrews) está com câncer terminal e apesar dos conselhos de um brilhante colega mais novo, quer marcar seu nome na história com um projeto ambicioso. Ele quer explodir um míssil nuclear no centro da terra e liberar o magma para transformá-lo em uma energia ilimitada. O calor ilimitado do centro do planeta poderá transformar todos os continentes e a vida das pessoas oferecendo energia pura e infindável.
Para tal projeto, ele tem o apoio de sua esposa a Dra Maggie (Janette Scott) mas seu ex aluno, Ted (Kieron Moore), está contra o projeto. Ted acredita que uma explosão da magnitude pode fazer o planeta se quebrar. Uma vez pressionado pelos investidores de vários países, liderados pelo inglês Sir Charles Eggerston (Alexander Knox), que exigem resultados lucrativos e imediatos com o projeto de alto custo, o Dr. Sorenson lança a bomba numa decisão arriscada que pode levar o mundo ao colapso. O resultado é claro, não poderia ser mais desastroso - uma fenda crescente que pode explodir o planeta em muitos fragmentos. Os líderes mundiais e Ted tentam em seguida conter a rachadura, procurando encontrar uma forma de detê-la ao passo que Stephen está se deteriorando em virtude da doença. A ideia é de ativar um vulcão que está no caminho da rachadura com... outra bomba o que, claro, terá consequências piores.
É interessante perceber que o filme arrisca mostrar uma mudança de comportamento social em relação às mulheres: vistas sempre como coitadas e indefesas, à espera de que algum homem as salvassem, aqui, na década de Barbarella, a personagem principal é loira, bonita, determinada e inteligente, trabalhando no meio de um enorme grupo de homens, A situação muda no momento em que ela fica dependurada quando tudo está se acabando recorrendo ao parceiro para resgatá-la, obviamente. O filme cai na mesmice ao apresentar um triângulo amoroso entre ela, Stephen e Ted, já que ela teve um caso com o segundo e o abandonou para ficar com o primeiro.
Há situações constrangedoras de ruins, como a colocação da outra bomba dentro de um vulcão, herança da imaginação dos autores da época. A explosão do míssil gera uma sucessão de acontecimentos - um terremoto há 120 km de distância onde tudo é destruído; um maremoto causa destruição em ilhas no raio de atuação do míssil e uma fenda se abre no fundo do oceano avançando sem parar a 5 km/h, saindo da Índia, atravessando a Indonésia e a plataforma australiana - mas nada disso é mostrado, para economizar no orçamento de efeitos especiais, o que deixa o espectador sem o impacto do caos e sem o devido peso da destruição. Para um filme que prometia ser o fim do mundo, faltou mais confusão, correria e gritaria.
O filme tem bom ritmo, o que é surpreendente em se tratando de um filme antigo, passa rápido e é interessante. Também não existe um vilão em si, já que Stephen estava com planos que poderiam favorecer a humanidade e no momento em que a situação se torna fora do controle, ele assume a responsabilidade pelos erros e se junta a Ted na tentativa de encontrar uma saída - ao passo que o filme defende a mensagem de que de boas intenções o inferno está cheio delas. Com relação aos efeitos especiais, eles basicamente só aparecem no terceiro ato. O filme é a cara de sua época, parece também precursor de muitas outras produções do gênero, como No Coração da Terra, O núcleo e até 2012, de Roland Emmerich. Uma refilmagem, como um filme catástrofe trazendo uma escala de acontecimentos globais, poderia ser bem vinda.
Cotação: 2/5