
Por Jason
É ótimo assistir a uma bomba espetacular como essa de vez em quando e entender porque alguns filmes se tornaram clássicos, porque alguns nunca chegaram a esse status - e porque algumas pessoas nunca chegaram a dirigir um filme por nascerem apenas trabalhar nos bastidores. Não é porque se tem a vontade de ser diretor que se nasceu para ser um e Harbinger Down é uma demonstração clara disso. O filme é dirigido por Alec Gillis e produzido por Tom Woodruff Jr, fundadores da Studio ADI, estúdio de efeitos responsável por auxiliarem nos efeitos especiais práticos de filmes como Alien 3, Tropas Estelares, AVP 1 e 2, Homem Aranha 2, Wolverine dentre outros.
Talvez por essa experiência, principalmente em filmes de monstros, o enredo seja uma mistura vagabunda de Alien com Predador e O enigma do outro mundo - e a criatura se pareça principalmente com as mostradas neste filme. Em 2010 aliás, o estúdio de efeitos especiais havia sido contactado para participar dos efeitos do malfadado remake de O enigma de outro mundo. Porém, a Universal resolveu substituir tudo, como sabemos, por efeitos em CGI e o filme, que já tinha qualidade duvidosa, afundou também no quesito técnico. A ADI partiu então para a sua própria empreitada e daí nasceu, com a ajuda de financiamento através do Kickstater, essa produção trash.
Aqui, a trama acompanha um grupo de estudantes de pós-graduação a bordo de um navio de pesca, o Harbinger, que está estudando os efeitos do aquecimento global em um grupo de orcas no mar de Bering. A tripulação do navio descobre um bloco de gelo que está carregando uma nave lunar russa. Esse bloco está infectado com bactérias alienígenas, que sofrem mutações, se alimentam de humanos e pode se solidificar e liquefazer como bem quiser. Ao se alimentar, ela cresce a ponto de virar um monstro de borracha, numa trasheira digna de fazer orgulhoso John Carpenter, George Romero, Roger Corman e toda a nata da podreira.
Não é, claro, por Harbinger Down ser pobre que ele é ruim e nem por ser oriundo do mundo dos efeitos e de bastidores de produções que a direção do filme obrigatoriamente resultaria em algo tão amador (vide o caso de James Cameron, que saiu das produções de filmes trash para um clássico como Terminator com poucos dólares no bolso, embora já demonstrasse sua capacidade em um filme terrível como Piranhas). O problema do filme ser péssimo reside no fato de que Gillis sabe sim criar efeitos práticos - isso é inegável, ele faz parte de uma classe em extinção em hollywood, mas que domina muito bem o ofício - mas não sabe COMO filmá-los. Pior: ele não sabe montar um filme, não sabe criar um mínimo de tensão e não sabe arrancar qualquer nota de atuação dos atores, todos péssimos e pessimamente filmados.
É triste por exemplo ver no que Lance Henriksen, bom ator, se transformou com o passar do tempo, em um ator de migalhas em filmes de quinta categoria, tal qual um Eric Roberts, disputando quem ficará pior na tela. Nem a ambientação, que poderia dar um tom a mais sombrio, em um navio pesqueiro que parece uma espelunca e uma fotografia melhor elaborada o candidato a diretor consegue realizar. Some a isso o fato de que o filme não tem praticamente trilha sonora e o enredo ainda embute uma plastificada vilã russa e se tem noção do quão terrível ele é. A melhor notícia disso tudo é que o martírio dura pouco mais de uma hora. Para quem quer um trash, não haverá do que reclamar. Se não, fuja o mais rápido que puder.
Cotação: 0/5