
Por Jason
Szabolcs, um jovem jogador de futebol húngaro, joga para um time alemão e tem uma boa amizade com seu colega de quarto Bernard. Depois de perder um jogo e brigar com Bernard, Szabolcs decide voltar para a Hungria. Vai para uma fazenda deixada pelo avô cuja casa está caindo aos pedaços. Em busca de um novo começo na vida, ele conhece Áron, um aprendiz de pedreiro da aldeia vizinha. Aron tem uma mãe doente e é um sujeito um tanto difícil de se lidar - os dois se conhecem quando Aron estava roubando uma motocicleta mas para não ser entregue, eles fazem um acerto de um ajudar o outro na reforma.
Juntos eles começam a renovar uma fazenda em ruínas e em pouco tempo a relação de amizade vai se transformando em algo mais, o que vai despertando os olhares preconceituosos de quem está por perto. Numa noite de bebedeira, Szabolcs acaba masturbando Aron - numa cena explícita aliás - e nem Aron nem ele sabem como dar prosseguimento a isso. A confissão de Aron só acaba arruinando tudo. Quando os dois estavam se ajeitando, o próprio Aron começa a demonstrar problemas de aceitação e é vitimado por Bernard, que ressurge do nada para acertar as contas e declarar seu amor por Szabolcs. Aron enlouquece e Bernard demonstra ciumes e possessividade, os dois não se entendem, brigam, mas Bernard acaba cedendo e indo embora já que Szabolcs decide ficar, o que acaba sendo seu maior erro.
O filme é interessante ao retratar a ambientação da trama, já que a Hungria descampada é um lugar machista, desolado, solitário, arcaico e extremamente atrasado. Tudo parece arruinado como a casa decrépita em que o rapaz vai morar, típico lugar no meio do nada sem nenhum avanço cultural ou tecnológico, como uma aldeia medieval. A dupla de personagens é bem caracterizada, afinal se Szabolcs é melhor resolvido, Aron se esconde atrás de seu preconceito, de suas crenças religiosas, de sua mãe doente uma namorada e de seus conhecidos homofóbicos, mas não é capaz de suportar as humilhações de todos eles - em uma cena, queimam seu rosto com cigarro e urinam nele. Mas é difícil fazer vistas grossas para as opções do roteiro do filme.
Bernard é figura de papel, que chega e sai sem nenhum desenvolvimento. De alguma forma, os filmes com essa temática parecem esquecer de desenvolverem personagens de suporte para a trama - esqueça coadjuvantes, eles inexistem afinal. O próprio pai de Szabolcs, que seria uma figura chave dentro da trama por estimular de qualquer jeito o filho a jogar futebol e ser "hétero" chega e sai sem dizer a que veio. Sem esse suporte, o filme vacila. Some a isso o fato de que o final do filme acaba decepcionando: filmes com essa temática aparentemente não podem ter naturalmente finais felizes, e é por essas e outras que tramas como esta acabam se sabotando. Tem-se aí uma noção do que ele poderia ter atingido como obra do gênero - mas que, na ânsia de surpreender, acaba afundando.
Cotação: 2/5