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Jamie Marks está morto - 2014

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Por Jason

O corpo de um adolescente chamado Jamie Marks, um menino que ninguém dava falta, é encontrado na beira de um rio em uma pequena cidade interiorana. Jamie era um rapaz humilhado pelos colegas da escola, e ninguém se importava com ele. Após a morte do menino, Adam e Gracie, dois alunos do colégio em que ele estudava, acabam se encontrando no local do corpo. Mais tarde, Adam descobre que pode, assim como Gracie, ver gente morta, e isso inclui Jamie, que está solitário, seminu e com frio vagando próximo da casa da menina.


Adam, por sua vez, é um rapaz igualmente sozinho. Seu irmão é um porre, sua mãe acabou de sofrer um acidente e está em uma cadeira de rodas. A mulher que a deixou assim agora se transformou em amiga íntima da mãe e Adam é incapaz de aceitar a situação. Com o tempo, Adam e Jamie desenvolvem um relacionamento cada vez mais próximo, até que Adam descobre que Jamie era apaixonado por ele enquanto estava vivo, mas nunca teve seu relacionamento correspondido. Embora Adam admita que notava a presença de Jamie, Adam está envolvido amorosamente com Gracie e, sem perceber, está sendo tragado pelas ideias e pela obsessão de Jamie, que quer ficar junto pelo eternidade com o rapaz.

Baseado na obra One for sorrow, de Christopher Barzak, Jamie Marks está morto é um filme que flerta com o sobrenatural, com o horror e drama de maneira um tanto desengonçada, que se sustenta na história de amor platônica absurda entre o espírito do menino morto e o rapaz vivo que sente algo por ele mas não sabe o que é. O filme tinha potencial, é verdade. A paleta de cores usadas na fotografia é sufocante. Não há brilho, não há cores nem vigor, tudo é acinzentado e gélido como a morte - e a própria vida dos personagens parece morta. De um lado, Adam em nenhum momento tem medo de Jamie, e procura nele algo que não tem em vida - um amor, talvez - mas a parte interessante é que o espírito de Jamie não deixa de envolver Adam em uma relação parasita.

Jamie está em todo lugar que o rapaz está, se alimenta das palavras que lhe são sussurradas, deseja fugir com ele para longe, tenta lhe apresentar um novo mundo em que seu espírito é capaz de se teletransportar para conquistar Adam. Note-se, portanto, que à medida que o filme avança, Jamie começa a mimetizar Adam, seja na forma de se comportar, na forma de falar, na forma de se vestir. Nunca se sabe, porém, se isso é resultado do que ele sente por Adam ou se é pela sua condição de morto. Há momentos um tanto sinistros, como o surgimento de Jamie no armário ou quando Adam percebe que ele está se comunicando com outros mortos que precisam fazer a passagem em um túnel. O problema é que até que Adam entenda que precisa deixar Jamie partir e que Jamie aceite sua condição, muita coisa aconteceu na tela - mas a sensação que ficou é de que o filme não foi para lugar algum - e os buracos no roteiro são absurdos.

Não é culpa da direção, mas sim do roteiro, que desperdiça personagens que não dizem motivo de estarem ali. A mãe de Adam (Liv Tyler, apagada) não serve para nada na trama. Quem mais sofre é a coadjuvante Judy Greer, que surge na tela e some sem que ninguém perceba. A personagem Gracie é uma muleta, como se estivesse ali apenas para alertar Adam de não se envolver com os espíritos e para justificar a heterossexualidade do rapaz. Nunca sabemos nada sobre Jamie antes de sua morte - tudo se resume a uma cena em que outros rapazes o agridem - sobre sua família, seus sonhos, seus anseios, pouco sobre seus desejos, nada, e sem esse peso dramático, o próprio espectador não se importa com seus sentimentos, seu drama, muito menos com sua condição de alma penada apaixonada por um menino hétero que está pegando uma menina estranha. E isso parece não ser o bastante.

O dia a dia na escola simplesmente não aparece. Outros alunos inexistem. Adam foge, mas não acompanhamos como anda sua família deixada para trás. Seu irmão some de cena misteriosamente, voltando numa cena rapidamente no terceiro ato. Como Adam consegue interagir fisicamente com a alma penada é um mistério que ninguém explica. Ainda sobra tempo para embutir o momento trash e completamente desnecessário dentro da trama, quando Adam é atacado por uma menina morta que está condenada a matar os pais e tentar se matar todos os dias. Ela está com ciumes da relação que os dois tem e pior - resolve matar Adam com uma faca. Para tal, acha que é mais fácil quebrar a porta do quarto do menino feito uma exterminadora do futuro (!) mesmo sendo capaz de se transportar para qualquer lugar (afinal, ela era um espírito!!!). Melhor tivessem optado por uma comédia e avacalhado tudo de uma vez.

Cotação: 1,5/5

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