Por Jason
Numa casa no meio do nada, em algum lugar descampado da Áustria, os gêmeos Elias (Elias Schwarz) e Lukas (Lukas Schwarz), de nove anos, esperam a mãe (Susanne Wuest) retornar ao lar, após passar por uma cirurgia plástica. Ainda com a cara coberta de ataduras por causa da cirurgia, a mulher parece diferente e os gêmeos estranham as suas ações. Sem paciência, agressiva, reclusa e aparentemente desequilibrada, a mulher fica confinada dentro de um quarto enquanto se recupera e tenta fazer o mesmo com os meninos. Não quer que eles tragam animais para dentro de casa, não quer que eles brinquem, não quer que eles saiam, não quer que eles façam barulho.
Pouco a pouco, eles começam a montar um esquema para desmascará-la, acreditando que se trata de outra pessoa que assumiu o seu lugar enquanto a mulher não sabe o que fazer com eles - principalmente com Elias, que parece atormentado pelo fato de que a mãe ignora as ações de Lukas. Lukas, por sua vez, não consegue falar diretamente para ela, como se não fossem capazes de se entenderem. Tudo acontece praticamente dentro da casa, com foco nos meninos e na relação destrutiva entre eles e a mãe. Elias é mais contido mas com a ajuda de Lukas começa a demonstrar um estágio de perturbação mental e no auge do desespero por não reconhecerem mais a mãe, os dois tentam fugir, mas são levados de volta, até tomarem uma medida drástica. Prendê-la e torturá-la até que ela confesse que não é a mãe deles o que, obviamente, terminará em uma tragédia.
Não há muito mais do que se falar do filme.O maior destaque fica por conta dos gêmeos. Elias e Lukas, também seus nomes reais, que atuam numa naturalidade tão absurda que acabam se tornando o ponto mais assustador do filme. Eles batem, torturam, cortam, colam a boca da mulher, sufocam, amarram, arrastam, tudo com olhares frios e distantes, o que, se não faz o filme explodir na tela, ao menos garantem que o espectador se segure até o final. Porque os problemas aqui são muitos e é preciso relevá-los. Goodnight Mommy é um tanto previsível (quem já assistiu um filme com personagens esquizofrênicos logo entenderá...) e isso acaba tirando um pouco do impacto do final do filme e sua tentativa de surpreender.
Há situações interessantes e bem elaboradas, como o jogo de adivinhação entre a mãe e os filhos, o momento em que Elias é agredido e Lukas escuta por detrás da porta, e uma sequência em que ela invade o quarto deles e agride um dos meninos. Nesses momentos, o filme almeja ferver, mas nunca decola, prejudicado pela sua montagem arrastada sem vigor que parece levar os acontecimentos a lugar algum e deixam o filme beirando o tédio. O filme não tem coadjuvantes, os poucos personagens que aparecem além do trio principal não fazem a trama avançar em nada. A própria situação chave, um acidente que desfigurou a mulher, podia ser realizada de outra maneira, através de imagens, garantindo assim um vínculo maior do espectador com a sua personagem e seu sofrimento. Por fim, o filme acelera no terceiro ato num ritmo completamente deslocado do que se viu anteriormente - e termina de forma um tanto abrupta depois da revelação. Veja se tiver tempo.
Cotação: 2/5